No dia em que os céus receberam de braços abertos nossa diva do
cinema, a querida Tônia Carrero, nos EUA se celebrou a maior festa de
cinema do mundo, o Oscar. E já era esperado, nesta cerimônia, as manifestações
políticas que se tornaram importantes em outros festivais do ano passado.
Muitos dizem que o mundo ficou muito perigoso e caminhando para o fundo do
poço. É bem verdade, que muitas coisas realmente fazem parte dessa luta entre
patrões e trabalhadores e que nesse momento estão vendo essa virada de mesa
através da força, falta de respeito e intolerância, mas ao mesmo tempo, a
resistência das minorias se tornaram muito importante e com uma força descomunal.
Parabéns aos envolvidos.
Como se distingue hoje um cinema moderno e
engajado com as realidades dos dias de hoje? Até a pouco tempo era fácil
distinguir. A evolução técnica era o mote principal. Tanto dos efeitos
especiais, quanto da evolução de câmeras e com o olhar fotográfico mais
premiado nesse avanço. Hoje, você percebe, depois do discurso da excelente
atriz, Frances McDormand pedindo para que todas as envolvidas diretamente com a
premiação se levantassem, seja qual área fossem. Não eram poucas e envolvidas
em todas as áreas de produção. A força feminina de crescimento neste setor, não
precisou ser corpulenta e barbada como a atriz Keala Settle, fazendo o papel de
Lettie Lutz (que na vida real se chamava Annie Jones), no filme com Hugh Jackman. A barba não quer dizer mais nada
ideologicamente. Filmes que podemos ver essa força, podem ser conferidos nos
últimos da saga Star Wars, com protagonistas femininos e Mulher Maravilha, que
ultrapassou apenas o estigma de filme de herói e deixou cada menina que
assistiu ao filme, com lágrimas nos olhos pela representação. Muitos filmes se
multiplicaram desde filmes como Anna Karenina, Antes do Pôr
do Sol e Thelma e Louise.
E o discurso? Os americanos
precisaram usar legislação para inserir o negro na filmografia. E mesmo assim,
durou muitas décadas até formarem atores negros com papéis que falem de si e
inclusão social, como no reconhecimento da academia ao texto de Jordan Peele. Assim como
Mulher maravilha, a Marvel também acertou com o filme do Pantera Negra, com uma
constelação de atores, direção de artes e temática dinâmica. Não só os negros americanos conseguiram se
impor na indústria, como além de o reconhecimento estar acontecendo,
conseguiram criar uma história inovadora do cinema de suspense. O melhor filme
do gênero é negro, com Run, texto de Peele. Falando em barba, como simbologia,
a disputa pelo melhor ator teve o Denzel Washington, que já exibiu uma barba furiosa, se
transformou fisicamente para interpretar um personagem no filme Inner City. Ninguém
destoou. O discurso a favor da justiça social foi certeiro. Ninguém se
manifestou ao contrário, pois a mudança de comportamento veio para ficar, assim
como as cólicas.
Portadores de deficiência e diferenças de gênero foram
ovacionados, tanto nos bastidores quanto em frente das câmeras. O que dirá o
filme Chile vencedor de melhor filme estrangeiro, com: Uma mulher fantástica. Foi
o primeiro filme estrelado por uma pessoa transexual a levar o Oscar. A
atriz Daniela Vega interpreta Marina, uma jovem vítima dos preconceitos da
sociedade chilena. Nada mais moderno e inclusivo. Ano passado tivemos a Garota
dinamarquesa, filme com uma atuação primorosa, contando o primeiro caso de
transexual operado no mundo, o artista plástico artistas Einar Wegener. O filme foi arrasador em todo
lugar que foi exibido. E todo filme inclusivo é emocionalmente forte e poético.
Ninguém esquece o filme Intocáveis, um delicioso filme dramático com muito
humor dirigido por Olivier
Nakache e Éric Toledano,
e a sensacional atuação de Omar Sy (Driss). Outro filme indicado a melhor
filme, tinha a temática homossexual como Me chame pelo seu nome. O que prova, o
quanto o olhar sobre as minorias e o respeito ao próximo é um avanço mundial e
chegou para ficar. Afinal, existe realmente alguma diferença profissional? E cá
para nós, se todos se lambuzam comendo manga, qual seria a diferença entre nós?
Apenas a beleza da diversidade. Seu desempenho em produzir um belo filme não
está mais em questão. O melhor filme foi a história de amor entre uma deficiente
física e um monstro do mar, de um ótimo diretor mexicano: Del Toro.
O desafio é assistir a um filme emocionante e não fazer mais essas
separações para grande parte da população. Apenas saber que é um grande filme.
Deixa as separações para quem for fazer teste de DNA.
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