Velhíssima essa frase, mas muitos ainda usam. Uma amiga minha
ouviu de outra amiga que ela era cumplice de uma terceira amiga. No meu
entendimento, a frase já estava dita e é compreendida. Mas no caso dela, não. E
como o desentendimento hoje é a briga de amanhã, ela quis entender por que grandes
amigas eram cumplices. Cumplices, denota também aquele parceiro para alguma
vilania. Bonnie e clyde; Lana Turner e Johnny Stompanato; entre outros, mostram
esses exemplos de cumplicidade de jargão jurídico. O dicionário diz: “que ou o que contribui de forma secundária para a
realização de crime de outrem; codelinquente. ” Primeira definição.
Segunda a etimologia, a palavra surgiu a partir
da palavra conivente. Conivente vem do latim conivere,
que significa fechar os olhos para alguma coisa ou ser cúmplice
de um ato. Ela vem da junção de duas palavras: cum e nictare. Cum é
uma preposição que significa “junto com” ou “na companhia de”, e se modificou
para con- na palavra conivere. Nictare significa fechar os olhos, pestanejar ou
piscar. Com o tempo, ganhou o significado de ser
cúmplice. Piscar o olho é uma forma de mostrar cumplicidade com
alguém.
Ou seja, usamos até a era moderna como utilizando
no sentido de conivência, com conotação negativa e se referindo à qualidade de
ser cúmplice de
algum ato ilegal. Juridicamente, alguém que foi cúmplice em algum ato criminoso
pode ser julgado pelo seu envolvimento na execução do ato em si.
Depois de algum tempo, passou a ser usada como aquele
que colabora com outrem na realização de alguma coisa; sócio, parceiro em algo
positivo. A conotação geralmente é atribuída a esta atitude positiva
demonstrando harmonia, companheirismo e entendimento. Esta foi uma corruptela
do termo original, que demonstra um entendimento secreto entre duas pessoas. Isso,
deu a palavra uma responsabilidade de entender a conotação real atribuída na
frase aplicada. E ás vezes, os dois significados podem gerar no final das
contas atribuições abstratas que se correlatam no final.
Esse preambulo para entender as condições de
Cabral e seus amigos ou cúmplices na prisão, em Bangu. São presos comuns, que
deveriam estar nas mesmas condições de superlotação de seus colegas
presidiários menos favorecidos financeiramente. Mas, como o dinheiro fala mais
alto em um país capitalista, eles podem circular de cela em cela, ter água filtrada, arroz
de pato do Antiquários, além de mimos como
queijos importados. Tudo acobertado por cúmplices fora da cadeia. Teríamos essa
dúvida que estaria acontecendo dessa forma? Você tem cumplicidade dentro da
cadeia, talvez com funcionários da cadeira e fora da cadeia em várias esferas
da sociedade. Não concordo com a forma em que a imprensa humilha as condições
já humilhantes das presidiárias femininas (A esposa de Cabral e a de Garotinho),
mas saber que as mordomias são compradas ainda que juridicamente sem
possibilidades.
Os inimigos políticos estão se roendo como ratos,
pedindo ajuda de seus cúmplices e tendo a mídia como interlocutora. Será que as
ameaças que garotinho diz estar recebendo vão se consumar? Será que vão
finalmente acabar com o festival de regalias até na prisão para Cabral e seus
homens? Daqui a 72 anos, poderemos ouvir a história recontada desse episódio
com as entrelinhas abertas? Todos os cúmplices estarão na mira da justiça?
A verdade é que eles vão apenas aguardar um tempo.
Deixar a poeira baixar. Se alguém for eliminado nessa história estará claro
quem foi o mandante. Cabral e seus amigos e seus cúmplices são maioria
inflamada na prisão e querem sair o mais rápido possível, mas Cabral agora se
sente climatizado na prisão, junto de seus amigos, companheiros cúmplices.
Desta vez, a palavra cúmplice, está empregada de
forma correta nesse contexto.