As olimpíadas estão aí. O importante não é vencer, mas
competir. E com dignidade. O lema do Barão de Coubertin, não sobrevive em um
país dividido. Sabemos que Bolsonaro acabou como Ministério dos Esportes. Sabemos
também, que um país forte, é aquele que em todos os seguimentos, tem resultados
a altura de seus investimentos públicos. Políticas públicas são importantes,
pois a ascensão de nomes como Ítalo, Rayssa, Kelvin, Daniel e Fernando, vindos
de situação humilde, tendo que muitas vezes arcar com seus projetos, seria multiplicado
aos milhares com incentivo Municipal, Estadual e Federal.
Ao longo da historia no Brasil, geralmente as ações
apresentadas são prestações de serviços ao público, voltadas para o
oferecimento de atividades para preenchimento do tempo ocioso de garotos da
periferia. Na verdade, políticas públicas pensam no bem estar populacional e
trabalhar esportes diversos com programas de incentivo financeiro, que devem
ser ditadas e sancionadas pelo órgão Federal para os municípios. Fica evidente
a comparação neste campo. Tivemos no período de Lula O Estatuto do torcedor,
Bolsa-atleta, MP do futebol, Lei de incentivo ao esporte, trazendo para o
Brasil o resultado de, somente neste governo: 18 ouros, 17 pratas e 29 bronzes.
Feito que não será repetido neste governo Bolsonaro.
Estamos vivenciando um momento muito rude no Brasil, onde
vemos antes em quem votou o atleta para torcer a favor ou contra. É bem
verdade, que os resultados estão vindos daqueles que são exemplos de humildade,
ganhando ou perdendo. Isso leva a questão moral implicada em todos os jogos. Se
ganhar, sonha em visitar o palácio do planalto e se perder, foi roubado. O
exemplo mais claro disso foi no surf. Medina, o queridinho e franco favorito,
perdeu a chance de medalhas olímpicas e logo choveu uma horda Bolsonarista
falando nas redes sociais do suposto roubo. Tudo incentivado pela Yasmin Brunet
que não satisfeita com a derrota, pediu o cancelamento do Comitê Olímpico
Brasileiro (COB) e a Confederação Brasileira de Surfe (CBSurf).
Medina sendo bolsonarista declarado levou os torcedores a
não se importarem se perderia. Podia ser de 0,01 pontos. E isso, leva a uma
categoria completamente nova para torcedores: Brasil Bolsonarista e Brasil
real. O Brasil real seria aquele em que ganhando ou perdendo, haveria uma
grande torcida com ele, pois está representando nosso país. Mas essa realidade,
tão cedo não vai acabar. Vibramos com a vitória do Ítalo Ferreira pelo Ouro e
mesmo sendo despolitizado, foi abraçado por todos por sua luta, história de
vida e valores morais das quais possui. Isso traz identificação. Traz carisma
real.
A única que conseguiu unir os brasileiros foi Rayssa, que
não tem idade para votar. Provavelmente muitos ficaram acordados para assistir
a conquista da prata da pequena Rayssa Leal, a fadinha, de apenas 13 anos, em
Tóquio. Ela sempre parecia estar alegre e se divertindo, enquanto do outro
lado, milhares de pessoas roíam os dentes. Girls just wanna have fun! A vitória
não foi só particular da menina, mas também do empodeiramento feminino. As
meninas do skate estão de parabéns por romperem o estigma de que é um esporte
masculino, como levaram a força feminina aos jogos. Aquilo que nos acostumamos
de ver, a imagem de um garoto com roupas longas e estilo próprio, estão sendo
mudadas pelo upgrade feminino. Quando falam que a origem da humanidade é
somente através de Darwin, eu falo que tem meio-termo na história. Tem dedo de
Deus na criação da mulher. Exemplo lindo de diversão, leveza, competição, técnica
e boas práticas no esporte. Rayssa, quando soube do resultado, nem se preocupou
de curtir a vitória, mas se preocupou de dar os parabéns a adversária que
ganhou a medalha de ouro com um abraço. A japonesa Momiji Nishiya se sentiu
constrangida, pois esse tipo de afeto não é comum, ainda mais vinda de uma
adversária.
A diferença, no final das contas, será sempre política. O
constrangimento e vergonha alheia podem ser contornados com verdadeiros
incentivos no esporte, e educação. O que hoje não significa absolvição.