E lá se vão 198 anos de 7 de setembro e em plena eleição de 2022 completaremos 200 anos. E o que isso nos diz como nação? Se olharmos para trás, dentre acertos e erros, somos um país com muitos problemas de autoafirmação. E hoje, mais do que nunca, temos um presidente que idolatra a bandeira americana e esquece seu povo a toda sorte em plena pandemia. Diz Eugênio Egas em 1909, que a música teria sido composta pelo Imperador Pedro I, ainda no dia do Grito do Ipiranga, 7 de setembro de 1822 e feito a partitura às pressas pelo mestre André da Silva Gomes, para execução na noite desse dia, na Casa da Ópera. Em um refrão temos: “Filhos clama, caros filhos, E depois de afrontas mil. Que a vingar a negra injúria. Vem chamar-vos o Brasil. Que a vingar a negra injúria. Que a vingar a negra injúria. Vem chamar-vos o Brasil. ” E nesse tempo todo, ainda temos injúrias internas e externas, sema sede de vingança da letra.
Ninguém pode negar o grande marketing no teor nas palavras,
e imortalizada no quadro de Pedro Américo: “Independência ou morte”. E morte
houve. Não foram poucas. A Guerra de
Independência se estenderia até 1824, deixando 1.800 baixas, mas sem nenhuma
objeção do lado de Portugal em termos Pedro como imperador. Assim, se tornou o detentor
da independência do Brasil de forma conciliatória. Aliás, o quadro de Pedro
Américo fica no imaginário popular como sendo a cena heroica marcante deste
evento, mas também não passou de exaltação histórica. Nada daquele evento era
real, a não ser pela casinha de pau a pique. As primeiras fake news do projeto
de nação. Ainda pagamos 2 mil libras esterlinas para tal ato acontecer. Prefiro
a versão do Jaguar para a capa do Pasquim, que deu prisão para todos os
editores do jornal, onde substituindo a icônica frase, D. Pedro I gritou: “Eu
quero Mocotó! ”. Hoje, seria mais apropriado e mais moderno gritar: ” Bolsonaro,
por que o Queiroz depositou 89 mil reais na conta da Michele?”
47 anos depois, tivemos a fundação, em Salvador, da
Sociedade Abolicionista Sete de Setembro. Um movimento culminaria na abolição
da escravatura, 19 anos depois. Um dos poucos pontos de orgulho nessa data. De
lá para cá, aproveitaram a data de forma política, como a inauguração da
Avenida Rio Branco em 1904 e a Presidente Vargas em 1944. Poderia falar da estreia
de Pelé no Santos em 1956, mas o futebol brasileiro não tem dado muitos
exemplos de orgulho com seu comportamento diante da pandemia.
Tivemos 38 presidentes, desde 1889, que comemoram o 7 de
setembro. E não temos muito do que nos orgulharmos nesse período. Tivemos
muitos golpes de estado e uma ditadura. Hoje, completam-se 51 anos de uma missa
infantil que levou um padre do interior de SP a ser condenado com base na Lei
de Segurança Nacional. Não podemos comemorar. Hoje, um presidente que presta
continência a bandeira americana, queima a floresta Amazônica e o Pantanal,
mostra o quanto estamos longe do ideal de orgulho de nação.
Hoje temos um país partido. Um país que em um ponto quer ser
conservador, outro de extrema-direita e vários progressistas. Queríamos todos
os irmãos juntos e unidos, mesmo com as suas diferenças extremas, mas volta e
meia, vemos o desejo de separar imantado em grupos sulistas. Olhamos o futuro
como a Espanha que se dividiu suas colônias em vários pequenos países? Ainda
precisamos construir, lutando todos os dias por um país independente. Lutando
contra a entrega de nossos bens aos estrangeiros, nossas riquezas dizimadas e
nosso orgulho indo para os lugares mais escuros de nossa alma. Hoje enfrentamos
esse dilema de amar o Brasil e estar acuado com políticos de rapina assaltando
e detonando a nação, mais que no período de exploração de Portugal.
Neste 7 de setembro, desejo sinceramente, que o Brasil se
liberte de uma vez por todas do colonialismo. Se hoje, D. Pedro I se retorce em
seu descanso eterno, penso e acredito que ele irá, em um dia futuro, finalmente
repousar, pois um dia, nosso país será um exemplo de nação.
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