Numa última cartada, depois da destituição do secretário
especial de cultura Roberto Alvim por apologia ao nazismo, coloca Regina Duarte
como nova secretária da pasta. Vi um movimento de Bolsonaristas comemorando a
nomeação como assertiva. Ser explícito ao nazismo não é bom, pois existem
grupos judeus que apoiam o governo. Um global foi a solução, porque sempre
comove a população, mesmo sabendo que além de inexperiente, está servindo aos
propósitos de quem não quer atuação da cultura no país. Uma cultura viva,
reflete seus anseios e em um momento de repressão a opinião não é viável apoiar
aqueles que precisam falar. Não importa quantas pessoas forem trocadas do
cargo, nenhum deles nesse governo fará algo que abrace a todos, pelo contrário,
quer cabresto e financiar apenas aqueles que falam bem de seu governo. Quem
quer manter a ordem, quem quer criar desordem?
A ligação entre integralistas e Bolsonaro se dá desde a
nomeação de um ativista da Frente Integralista Brasileira (FIB) como assessor
de ministério à participação na base do governo. Colocar alguém tão evidente,
foi um teste se poderia ser tão explícito ou o melhor seria escamotear com
alguém de aceitação popular. Venceu obviamente a segunda opção. Somente a figura de Regina, acalmou os setores
de extrema-direita que veem nela, alguém que possa fazer o mínimo e ser aceita
na sociedade.
Lembra um pouco a figura de Clare Boothe nos EUA. Ela foi a primeira mulher americana
nomeada embaixador no exterior. Autora, seu trabalho variou de drama a
ficção, jornalismo e reportagem de guerra. Foi casada como o dono da revista
Time. Era uma figura que disseminava o conservadorismo, mas tinha aceitação
popular por ser uma celebridade. Bastou ser nomeada, com aceitação da população
que arranjou problemas em Roma, pois interferia na política interna do país,
sendo mais antidiplomática que qualquer americano (Lembra alguém?). Clare foi
uma guerreira de Deus e dos ricos, e fez tudo para tirar os Bolcheviques da
Itália.
O histórico de Regina, que na frente das telas era
considerada a namoradinha do Brasil, chama a atenção pela falta de doçura
quando se trata do agronegócio. Ela apoiou produtores rurais no tocante à
demarcação de terras indígenas e quilombolas. “O direito à propriedade é
inalienável”, disse. Amiga do grileiro Herbert Spencer Miranda Carranca, este
tem o histórico de ser extremamente violentos com os povos indígenas. Em 2011, foi
flagrado destruindo 4 mil hectares de floresta em terras indígenas da etnia Ayoreo,
no Paraguai. A truculência verbal de Regina, chamou a atenção dos setores
ligados ao governo, vendo que alguém alinhado com suas ideias e querida na
população, pudesse encerrar as discussões em torno da cultura no país.
Ledo engano. Mal foi empossada, já se envolveu em postagens
demonstrando desconhecimento geral e a mais polemica, foi envolver, o que ela
chamou de apoiadores de sua nomeação, em uma postagem que gerou indignação da maioria
dos incluídos. O motivo de cada um particularmente é uma discussão à parte, mas
usar a foto dessas pessoas, sem uma devida autorização é a marca desse governo.
Pior, é uma secretária de cultura, se utilizar de uma música de Guarabyra sem
permissão. Quem trabalha na pasta de cultura, no mínimo, deve respeitar os
direitos autorais do autor e ainda defender. Só por esse mínimo, já se sabe o
que virá por aí. Com o tempo, a truculência vai aparecendo e deixando bem
nítido suas posições. Clare Boothe foi no mesmo caminho, flertando com nazismo
e crescendo interiormente de uma conservadora que incomodava para uma defensora
dos ideais fascistas, que mesmo em uma conversa com o Papa este teria diversas
vezes falado para ela: “Mas minha filha, eu sou católico! ”
A cultura está na UTI e agora virá mais do mesmo apresentado
por este governo. A luta continuará, as indignações também. Conhecida pela
frase “eu tenho medo”, durante a campanha de Lula em 2002, faço dela minhas
palavras. Regina Duarte, eu tenho medo de você!
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