Participei neste sábado, da exposição coletiva, em
comemoração aos dois anos da babel 08. Foi uma coletiva que reuniu artistas
plásticos debatendo em forma de trabalho o espaço e nossa relação com ele. A
mostra reúne duas atrações: a arte e o trabalho magnífico de Niemeyer. Não à
toa que esses trabalhos foram brindados com esse novo espaço no Caminho
Niemeyer, que aliás, estava sendo inaugurado como espaço para as artes.
Inaugurado em 2013, o prédio nunca foi aberto ao público. E
talvez seja, um dos trabalhos mais completos do arquiteto no mundo. O Caminho
Niemeyer convida ao caminhar na orla da baía de Guanabara passando por vários
equipamentos urbanos projetados por ele. O Memorial Roberto Silveira, o Museu
da Ciência e Criatividade, o Teatro Popular Oscar Niemeyer, o Centro de
Atendimento ao Turista de Niterói, o Centro Petrobras de Cinema, o Museu de
Arte Contemporânea e a Cúpula do Caminho Niemeyer.
Quando começaram a aparecer os projetos do arquiteto,
assisti a várias palestras e sempre demonstrava carinho pela cidade, que se
refletia na famosa “vista privilegiada do Rio de Janeiro” e por sua amizade
pelo prefeito Jorge Roberto Silveira. Ele conseguiu fazer sua obra prima,
colocando todos os seus desejos construtivos em concretude. O MAC é um projeto
antigo, que foi recusado no Chile, que iria ter uma revitalização de um parque cultural em Valparaíso. O projeto era mais
retangular e aqui, conseguiu aprimorar, dando uma forma mais redonda. Já a
cúpula é um clássico nas construções de grandes proporções do artista.
A coletiva, idealizada pelo curador Gilberto de Abreu, que
inaugura a Cúpula do Caminho Niemeyer, tem artistas nascidos ou residentes na
cidade de Niterói. Uma mostra muito representativa da arte de Niterói atual. A
coletiva tem representantes de linguagens como pintura, gravura, desenho,
instalação, performance, fotografia, vídeo, colagem, música, dança. Entre os nomes:
Ale Maia e Padua (pintura digital), André Barroso (desenho sobre fotografia),
André Marques (instalação e fotografia), Barbara Malaquias (fotografia +
bordados), Gian Shimada, Gustavo Damião (videoarte), Julia Arbex (instalação),
Lucas Benevides (fotografia e vídeo), Marcelle Morgan (vídeo), Marcos Bernardes
(impressos), Rafael Vicente (pintura) e outros.
Imaginem o convite que a cúpula faz, com suas curvas levando
ao alto por uma imensa forma circular branca, deixando que os trabalhos sejam
os únicos atores, conduzidos pela beleza do local. Destaco entre os trabalhos,
além do que vos fala, o trabalho de Caio Pacela com “indivíduo” e “Paisagem”. Caio
explora a estranheza do ser humano, as várias formas de habitá-lo e tratá-lo.
Certa vez, ao ser perguntado sobre como ele se definiria. A incrível obra de
Ale MaiaePadua em um painel gigante sobre uma sangrenta batalha ocorrida em
1567, e que resultou na formação das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói.
Assim como as instalações em papelão que estão dispostos em toda mostra, que
dão todo charme de integração e dá o sentido de agregar o público.
Outro detalhe interessante que foi disponibilizado ao
público, foi a aposta em promover interações não apenas entre os artistas, como
também junto ao público, que foram ter todas as obras acompanhados por
qr-codes, e neles conhecer mais sobre os artistas. A tecnologia ampliando essa
interação e informação mais ampliada. Utilize o leitor de sua preferência e
conecte-se com seus favoritos. E como diz o curador da mostra Gilberto Abreu: “Em
tempos de repressão e censura, dialogar será sempre um caminho a seguir. “
Afinal, houve resgate de obras censuradas pelo Governo do Estado do Rio de
Janeiro, Men’s Health, presente na mostra.
A mostra vai até 30 de novembro. Entrada franca.
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