Finalmente um Oscar digno. Os novos tempos, de
empoderamento, de luta por igualdade, de solidariedade estavam refletidas na
grande festa do cinema. Minha mãe, assim como eu, gostamos e concordamos que
foi uma festa muito bonita. De um jeito ou de outro, os novos líderes de
extrema-direita nos EUA e Brasil, foram os alvos da maior festa mundial. Além
disso, a cerimonia acertou em vários momentos, que até então, não acertavam.
Limar os apresentadores humoristas, foi uma. Nunca achei graça ou achei uma
figura necessária. Colocaram logo três mulheres humoristas apenas para dar o
ponta pé inicial. E as figuras de Maya Rudolph, Tina Fey e Amy
Poehler, atrizes que foram do Saturday Night Live, foram sintéticas em suas
participações iniciais. E entraram após a apresentação de abertura do Queen com
Adam Lambert e na sequencia arrebatou vários prêmios por Bohemia Rhapsody. Quem disse que o rock morreu? Ele está mais
forte que nunca, mas a indústria fonográfica no Brasil acha que não...
A diversidade e uma expressão de mais realidade nos votos
dos prêmios foi um ponto muito interessante nas escolhas. Atores negros,
técnicos negros, atores e diretores mexicanos e mais mulheres deram um tom mais
real da verdadeira condição do mundo atual. Como foi bom um filme como Pantera
Negra ser ovacionado na festa. Não só por ser um filme de herói, como deveria
ser, mas por exaltar a cultura negra e africana. Foi lindo e muito justo.
O discurso de vários atores migrantes, assim como do
vencedor de melhor ator, Rami Malek, falaram sobre a importância deles na
construção da cultura americana e protestaram contra a demência de se construir
um muro na fronteira dos Estados Unidos e México. Valorizaram sua língua
falando em espanhol e se estabeleceram como fenômeno dos últimos anos. Guillermo
del Toro com muita alegria deu o prêmio a Alfonso Cuarón, seu amigo e
compatriota. O discurso da extrema direita do mundo tem como uma das bases,
fechar as portas para os imigrantes e na festa foi provado o contrário. Devemos
acolher nossos irmãos. Afinal, o mundo quer optar por amor ou ódio, como
salientou Spike Lee em seu discurso para receber o prêmio de melhor
roteiro adaptado. Quem melhor do que ele, para ter um discurso ativista sobre a
história dos negros nos EUA? Falando de seus antepassados que chegaram como
escravos e a longa luta que foi travada e ainda é. Tinha razão aquele abraço
dele efusivo com Samuel L. Jackson, Nisso, a presença de Tom Morello foi o
melhor indicativo de que o protesto contra a política de Trump é equivocada.
Morello é um dos grandes ativistas no mundo da música nos dias de hoje. "Os
limites de nosso mundo são os limites de nossa linguagem." Disse certa vez
Wittgenstein.
Umas surpresas aconteceram como o curta confuso de animação
BAO, da Pixar e o melhor documentário de longa-metragem Free Solo. Também o
prêmio de melhor longa-metragem, com Homem-Aranha no Aranhaverso, apresentando
técnicas inovadoras, foi bastante merecido. Lady Gaga também mereceu vencer a
melhor canção, que não só compôs como interpretou. Isso não é pouco para uma
artista visual como ela.
Mas realmente a cereja do bolo, foram os discursos contra as
políticas de Trump e por que não, de seu filhote no Brasil. Isso me lembra dos
conselhos que recebemos de nossas mães. E minha mãe não é diferente da sua ou
de qualquer outro no planeta. Antigamente, elas tinham pavores como de pegar em
dinheiro, porque eram viveiros de germes. Corrimão. Quantas mães não falavam
para não correr a mão em corrimão. Mas quando você cresce e vai evoluindo com o
mundo, estuda, vai descobrindo que algumas coisas ditas por sua mãe são parte
de um período e muita coisa que ela falava que fazia bem, faz mal, como: Sol,
carne vermelha, vento encanado, manga com leite..., mas com certeza, muitas
delas estão vendo que a vitória nas urnas foi um engodo para elas e estão
arrependidas de ter desgastado as relações familiares e agora podem aconselhar:
- Vamos tesouro. Não se misture a essa gentalha!