Estamos vivenciando um limiar muito perigoso com essa
polarização. Antes, a todo retrocesso, a toda indicação de retirada de
direitos, ou a toda manifestação de ódio, era respondido com indignação ou
silencio. Após o assassinato de Marielle, do qual, as maiores manifestações do
twitter no período, foram manifestações de fúria, mentiras e apoio a morte
dela; deu uma rasteira em muita gente pelo Brasil e pelo mundo, tornando aquela
paz em tensão. Recentemente, a prisão de Lula, deixou os nervos à flor da pele.
Quando você vê uma parte da polarização tendo golpes atrás
de golpes, enquanto o outro lado se mantém, mesmo com provas robustas, saindo
impunimente, percebemos que temos a fatia dos mais poderosos mostrando que
nossa herança de Casa grande e senzala está presente e quer estar presente. Não
se trata e nunca se tratou de corrupção. A classe média, mesmo ganhando pouco
mais de três mil reais, quer continuar ganhando esse percentual, mas o
trabalhador humilde para ele, deve ganhar muito menos. Isso traz alívio para
ele.
O famoso, eu posso e você não é a tônica do nosso país. Pode
roubar e matar, mas desde de que seja entre os mais ricos. E você só tem
direito a ficar em silêncio. Esse é o seu direito hoje. A prioridade é acalmar
os ânimos, tirar mais um presidenciável (Bolsonaro, pois não interessa mais a
elite, afinal ele somente polarizava com o Lula. E sem ele, não precisa mais
desse candidato) e inflar algum candidato da elite. E agora, vão tentar acalmar
os ânimos mesmo. Todos estão pedindo calma, mesmo com a economia cada vez pior.
Ministros, comentaristas, operadores e você leigo, tem a missão de se
acalmarem.
Mães quando tentam controlar seus filhos da zona no
shopping.
- Ssssshhhhhh! Se acalmem. Vocês podem agitar a população!
Seu vizinho, que está dando aquela gemida alta, você pode
bater na parede e pedir para se acalmarem.
- Eita! Olha a nossa nação!
As brigas de marido e mulher, podem tapar a boca um do
outro, no auge da discussão.
- Você tem razão, mas vamos respeitar a paz do Brasil.
Trabalhador mal pago, essa não é a hora de discutir, afinal,
você apoiou os direitos trabalhistas e enfraqueceu os sindicatos. Engula sua
reinvindicação, afinal, você ainda está comendo. Banco Central, você também não
pode falar nada. Ninguém deve falar nada sobre as privatizações ou levantar
dúvidas sobre as reformas. Nenhum movimento brusco. Aproveitem e tirem os
talheres de beiras de mesa.
Já tivemos a censura explícita dos generais, que já avisaram
que se tudo não correr bem, vão entrar como nós conhecemos. Poder atirar no
ônibus do Lula pode, atirar bolinha de Papel no Serra não. Ameaçar jogar ele do
avião no voo pode, chamar o governo de golpista não. Os extremos agora estão
cada vez mais postos em seu lado do ringue. A política nacional, está de lado,
para se concentrar na eleição. Estamos em ebulição. Estamos caminhando para uma
guerra civil? É possível, mas dado a nossa colonização portuguesa, a tendência
é ainda tentar discutir e encontrar meios dignos para as vitórias reais,
através da paz. Mas ninguém segura um povo com muita raiva. A resistência
pacífica como Gandhi ficou para trás. Mesmo a demonstração de amor pela população
ao líder preso, tem limites, pois não querem ouvir os poucos tilintares de
taças, rindo de suas fortunas, enquanto a maioria prende a respiração
respeitosamente.
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