O burguês que antes, como Cazuza falava, fedia e quer ficar
rico, hoje mostra a cara e não se faz de rogado. O que antes era uma arte
antiga e saudável de mostrar as contradições do discurso raso, foi mudada pela
verborragia e os punhos cerrados do mesmo burguês que antes apenas ouvia
resignado. Hoje, como em outros tempos que o sistema parece dar motivos de
queda, se reergue através da força e os mesmos que alimentam essa volta, se
espantam com o número de idéias de ódio e intolerância, assim como o
crescimento de estados de exceção pelo mundo.
Os burgueses não se espantam com
mais nada. Tudo que foi conquistado e está regredindo pelo mundo, não afeta a
nenhum deles. Impassíveis. A qualquer notícia de rumo do país, com indicações
de pessoas implicadas na própria pasta, não afeta ninguém. O espanto parece
apenas divertido para eles. Outros se sentem resignados. E quando nada
surpreende ou revolta cada cidadão, é o que me deixa mais assustado. O que
deixa a todos preocupados (todos devem passar imediatamente desse estágio) é o
número de agressões verbais e físicas tem aumentado a cada dia.
Estamos indignados e saturados. Não dá tempo de um respiro.
O estado de estar atento e forte, tem que se juntar a capacidade de apneia de
cada cidadão. A mídia se transformou em arma para exaltar ou acabar com alguém.
O motivo do governo insistir na nomeação de Cristiane
Brasil é meramente para apoio para o próprio governo. Não se importa com quem
seja, seu passado ou competência. Apenas por apoio. Assim como outras
indicações. A impugnação dada com liminar foi um ato importante, mas o
desmembramento que acabou por finalizar no vídeo viralizado, constrangeu essa
mesma burguesia que agora coloca fatos e versões antigas (como se elas já não
fossem conhecidas), para encerrar a questão e tirar a força a indicação que
nunca deveria ter sido feita. E como o último escândalo é sempre maior que o
anterior, vemos Cristiane Brasil nos apresentando
como assediar moralmente, sujando o nome de nosso país.
A conclusão sempre acaba no grande
embuste criado para salvar os dominantes perante aos dominados. O patriarcado,
se vale do corporativismo como proteção, para apenas tirar proveito próprio
enquanto a nação volta mais uma vez, aos piores índices de pobreza a sua volta.
A diferença entre esses movimentos corporativistas atuais com os do passado, é
que a informação está disponível para todos, assim como nas redes sociais para
tentar abrir os olhos daqueles que apoiam esse regime e não tem idéia o quanto
os afetam diretamente e indiretamente.
Me preocupa o rumo sim de nosso
país e do mundo. Achei que não ia ver a possibilidade de um novo período de
medo no mundo como foi com a Alemanha nazista, logo depois bomba atômica e uma
nova ordem mundial, guerra fria e ditadura militar. Foram anos de chumbo, que
ficava na lembrança de livros e no testemunho de nossas pais e avós. Não
esperava sentir o temor desse retorno que está se desenhando no mundo.
Bem verdade que teremos uma pausa
para o Carnaval e será nosso único momento de respiro. Não se iludam. As
eleições por virem, tensões pelo mundo vão ficar mais fortes esse ano, sem
previsão de algum meteoro ou tsunamis devastadores. Quando falei na última
eleição americana, onde todos estavam tranquilos falando que a eleição estava
ganha para Hillary Clinton eu dizia para ter cuidado com o fenômeno Trump.
Todos nem acreditavam nessa hipótese. E quem se elegeu? Estamos levando
rasteiras diárias do sistema econômico vigente e como sempre digo, que uma das
coisas importantes numa luta é saber cair. Saber cair, evita dores que podem
ser crônicas e humildemente, levantamos para lutar novamente. Essa é a lição.
Digo isso, pois meu medo dessa sombra estar voltando não é Nutella, é raiz! Não
estamos preparados para quedas muito grandes e confiando que um mundo mais
justo vai surgir sem que haja esforço, é esperar a queda sem saber que estará
caindo do Everest. Não aguarde que a próxima nomeação de ministro seja para o
Rei Momo e acima de tudo entenda a violência da burguesia e como resolver a questão,
como a união das mulheres em reação aos assédios sofridos. E acima de tudo, como
as pessoas te tratam é o carma delas, como você reage é o seu.
Em tempo, pundonor, segundo Aurélio: matéria
ou ponto de honra, aquilo de que não se pode abrir mão, sob a ameaça de ser ou
sentir-se desonrado.
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