Absolutamente, o brasileiro não é
perfeito. Antes, tínhamos vergonha alheia, pelos produtos com falta de
qualidade e no momento em que temos empresas que competem no mercado mundial
com qualidade ou melhor, o sistema se volta contra eles. Temos os ignorantes
que conseguiram voz ativa na internet e saíram das sombras, quebrando de vez o
ovo da serpente, enquanto as vozes críticas se calaram. Mas um fenômeno recente
está tomando conta, sem distinção de alvo: O linchamento virtual. A maioria das
vezes, quem faz posts de ódio ao próximo, está não só sendo negligente, mas de
uma certa forma, estão reproduzindo carências da infância, raiva acumulada,
falta de amor no passado e acabam tendo voz ativa nas redes sociais, pelas
curtidas e atenções dadas ao que foi falado. Esse amor e comentários dados
aquele comentário maldoso ou odioso, acabam preenchendo aquela falta que fez em
um passado desse sujeito que se sente confiante em continuar a macular tendo
pouca razão ou nenhuma, não importa. Importa para ele ser ouvido. Um dos
esportes preferidos destas pessoas, e muito difícil de superar no mundo, é a
criatividade nacional em apelidar esse ou aquele.
Se o cara é magro, dizem que é, Macarrão, Vara Pau, Louva Deus, Limpador de Mangueira..se é
baixo, vira Carcereiro de Gaiola, Piloto de Carrinho da Hot Whells, Agricultor
de Farmrville, Goleiro de totó, Líder comunitário de Playmobil e etc. Conheço
até uma pessoa que era magra, alta e vivia com um casaco amarelo. Qual o
apelido que foi dado a ele? Banana. Ele adotou esse apelido com tanta força que
as pessoas mais próximas não conhecem ele pelo nome da carteira de identidade e
sim pelo apelido. Banana é boa gente e tem uma filha linda. Quando tudo começa
e ficar estranho? Quando você vê inserido nas palavras muito raiva e
pré-disposição a um ato de violência. Recentemente,
o último ato de raiva foi contra a Fergie. A apresentação foi recheada nas
redes sociais com atos de extremas maldade contra a cantora no palco Mundo, do
Rock in Rio. Foi um verdadeiro linchamento. Em todas as apresentações, estamos
vendo uma enxurrada de críticas, algumas elogiosas e outras nem tanto, mas
parece que existe um verdadeiro desejo para atacar sem papas na língua. Houve
até uma classificação que querem usar deste dia em diante. 'Fazer a Fergie': quando você não se prepara
para o seminário, o DataShow dá problema, o vídeo que você baixou não abre, mas
você segue em frente com a apresentação.
A Fergie vem do Black Eyed Peas, um grupo popular de muito sucesso nas grandes
mídias. Evidente, que já vem com uma carga de expectativa em relação ao show.
Quando a técnica falha, como no caso do bluetooth pessoal da cantora com os
microfones. Isso aliado aos Playbacks, foram reparados mais do que os acertos.
Quem é músico, sabe muito bem do convívio constante em shows com problemas de
retorno, sons mal equalizados e outros problemas que fazem parte desse dia a
dia. No caso de shows mais frequentes e pequenos, você sabe que vai passar por
isso e tem que rebolar, para que o público não perceba, nem fique triste com a
apresentação. Imagina em um show com milhões de pessoas assistindo? E ao meu
ver, ela se saiu muito bem. Saindo de recente separação na vida real, se saiu
simplesmente como uma verdadeira diva no palco. O carinho de quem estava
presente e a sua silhueta linda, me recordando do impacto que provoca uma Marilyn Monroe, foram sempre presentes, mesmo sem poder
cantar na maioria das músicas. No geral, Fergie é uma das grandes cantoras do
pop mundial e não precisa mais provar isso. Tenho uma grande admiração pessoal
por ela, e pela disposição em gravar com pessoas tão distintas como Sérgio
Mendes [que é admirado, diga-se de passagens, pelos maiores músicos mundiais,
fazendo com que o encontro seja marcado nas redes sociais, como o encontro com
David Coverdale (Whitesnake)] e Slash. E somente as grandes personalidades, e
já falando fora do mundo musical, são tão generosas, ao ponto de convidar o
Dream Team do Passinho e Pablo Vittar. Aliás, a multidão se enlouqueceu com a
presença das duas. Um verdadeiro gol de placa. Uma pena a revolta gratuita.
Precisamos rediscutir o que está
acontecendo, de uma forma que as pessoas consigam entender que fazem muito mal
a pessoa ofendida, mas ainda mais para quem é o ofensor. Toda energia de fúria
contra seu irmão, se volta contra você. A vida é cíclica. Precisamos estudar
mais profundamente esse comportamento e tentar aprender por que existe uma
massa tão grande de pessoas infelizes no mundo. Sexismo gratuito? Inveja? Nunca
vamos saber todas as mágoas envolvidas, mas como diria meu amigo e excepcional
Rodrigo Fonseca: Em Niterói, as portas estão abertas para Fergalicious
Nota: Troquei Bonsucesso por
Niterói, por motivos interesseiros mesmo.
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