Mandei minha indignação, meu pequeno texto de pé quebrado,
com pontuações bem devidas, até onde não havia. Não obtive um mirrado verso
torto das minhas reclamações acerca das inúmeras datas marcadas para o fim do
mundo que não foram cumpridas. Muitos agora são cheios de prudência, são
inundados de memes e ainda sofrem de severas advertências. Existe alguma tara
pela destruição total na sociedade? Ou o não cumprimento do evento, mais de
sete vezes, é que compromete a sanidade das pessoas? Essa última, estamos
vivenciando diariamente em vários setores de nossas vidas, seja na política ou
em discursos de empresas.
Se pensarmos bem, tudo tem começo, meio e fim. As mais
antigas religiões, em diferentes pontos do planeta e em diversas épocas da
história, escreveram essa história da humanidade com o início e o fim. As
histórias se convergem a pontos muito comuns sempre. Para a ciência também. Ela
fala no fim do mundo, quando o sol se tornar uma gigante vermelha, daqui a 5
bilhões de anos. 5 bilhões de anos. Podemos aproveitar bastante até lá, mas de
qualquer forma, os cientistas já estão impulsionando o desbravamento espacial,
onde em breve vamos colonizar Marte e logo depois o universo será o limite.
Temos notícias da previsão do fim do mundo em tempos
imemoriais. Podemos destacar em 389 a.C, que fizeram a associação a queda do império Romano. Temos o
famoso calendário Maia, que a história da humanidade acabava em 21 de dezembro
de 2012. Rendeu apenas um filme catástrofe de Hollywood. A interpretação
errônea de alguns estudiosos, levou a histeria nesse período, mas outra linha
de trabalho, tinha revelado que a tradução não foi correta e dizia que na
verdade estaríamos entrando em uma nova era de mudanças físicas e espirituais e
que a roda da história recomeçaria seu curso natural, causando o retorno de
eventos já experimentados no passado.
As religiões chamam de
diferentes nomes o mesmo evento, com abordagem diferenciadas, mas no fundo,
todos iremos sucumbir em um momento. Zaratrusta, na antiga Pérsia, criou uma
doutrina chamada Zoroatrismo, também conhecida como
masdeísmo. Seus fundamentos influenciaram o judaísmo, o cristianismo e até o
islamismo. Nele vemos o evento Frashokereti. O sol ficaria manchado, plantações
morreriam, tudo seria seguido por uma imensa nuvem escura que cobriria o mundo
e criaturas maléficas cairiam do céu. No final, um cometa chamado Gochihr vai
colidir com o planeta criando um rio de lava que todo mundo terá de percorrer. Só
os crentes na religião não vão sentir nada, mas os pecadores vão derreter em
agonia eterna. No fim, quem sobreviver passará a ser imortal e todo o planeta
falará a mesma língua e viverá em harmonia para sempre. Do outro lado, temos o Kali Yuga, no hinduísmo, é o período final de um
ciclo de quatro etapas que o mundo atravessa, e estamos vivendo nessa fase
agora. Segundo as escrituras, como o Mahabharata e o Bhagavata Purana, o Kali
Yuga consiste em uma era de crescente degradação humana, cultural, moral,
social, ambiental e espiritual. Governantes matarão mulheres e crianças e
bárbaros espalharão pragas, fome, doenças, mentiras, falsas religiões e grandes
secas. No final, todo mundo morre. Logo depois, o ciclo pode começar denovo,
chamado de Satya Yuga, quando a Terra será habitada apenas pelos justos e as
pessoas viverão por 10 mil anos. Até na cultura indígena Hopi, encontramos esse
tema. Na mitologia Hopi, a Kachina é um espírito que vai mostrar a vinda do
início do novo mundo, aparecendo como uma estrela azul. É descrita como o nono
e último sinal antes do "Dia da Purificação". Uma catástrofe em que
tudo será destruído, mas no final, haverá purificação do planeta Terra.
Muitos veem que não existirá um fim completo, mas
uma renovação em que os maus deixarão de existir e apenas aqueles crentes e
purificados, ficarão para transformar o planeta de todas as mazelas da alma
humana. A torcida por um cometa se justifica nisso, mas será que quem está
nessa torcida está em condições de estar ao lado dos bons? Será que oram e
vigiam? Até o fim do mundo iludiu
a todos com o não comparecimento pela nona vez. Por isso, agora tudo é encarado
com grande diversão. Se acontecer, ótimo, mas sabe que não vai acontecer agora.
O fim do mês hoje assusta mais do que o suposto fim do mundo real. Mas como o
povo precisa dessas paranoias para se sentir acolhido pelo próximo na mesma
dor, aguardemos.
Ansioso para o próximo fim do mundo, esse foi suave. Coloco
abaixo, a letra muito pertinente da música do Moska e meu amigo Billy Brandão:
Meu amor o que você
faria?
Se só te restasse um
dia
Se O mundo fosse
acabar
Me diz o que você
faria?
Ia manter sua agenda
de almoço hora apatia
Ou ia esperar os seus
amigos
Na sua sala vazia
Meu amor o que você
faria?
Se só te restasse um
dia
Se O mundo fosse
acabar
Me diz o que você
faria?
Corria pra um
shopping center
Ou para uma academia
Pra se esquecer que
não da tempo
Pro tempo que já se
perdia