1) Você
sempre dá importância ao desenho como base para qualquer trabalho, mesmo que
abstrato ou não figurativo. Um pintor precisaria (como existe em várias
faculdades pelo mundo) de cadeiras de desenho por todos os períodos da
faculdade e tentar continuar vida à fora. Por que esse conceito está se
perdendo?
O grande
pintor americano Andrew Wyeth dizia a que todo quadro figurativo para ser bom
tem que, na estrutura da composição, funcionar como um abstrato bem resolvido
em termos de dinâmica do espaço. Com certeza estudar as técnicas do desenho por
um bom tempo nunca é demais; o conhecimento pode emergir à mente mesmo na
execução de trabalhos completamente não figurativos. Eu diria que o estudo da
composição clássica como ‘’âncora’’ do pensamento é que faz muita falta;
realmente, não conheço muitos professores que façam isso, com certeza pelo fato
que durante muito tempo não se deu a devida atenção a esse tema e, deste modo o
time de ‘’experts’’ no assunto está meio desfalcado...
2) O grande segredo da resolução das sombras
na pintura dos grandes mestres como Edgar Cognat, foram suas influencias para
seu trabalho?
Fundamento
clássico da pintura; ‘’ Sombras simples, luz detalhada, sombras transparentes,
luz empastada’’. Por incrível que pareça este ‘’beabá’’ é desconhecido por
parte majoritária dos pintores atuais. E serve para se aplicar em qualquer estilo...
Eu depois também acrescentei em relação à execução das sombras: ‘’ Na sombra se
investe no mistério’’ e também: ‘’Na sombra, quanto mais se olha, menos se
vê...’’
3) Oswaldo Teixeira é um outro mestre a ser
resgatado. O que se pode falar sobre o mestre?
4) Nos
seus quadros q mostram detalhes do nosso dia-a-dia, as luzes e cores estão
presentes. Mesmo em situações como a noite, elas estão presentes. Podemos dizer
que a técnica diz bastante sobre o artista ou a temática?
O meu
professor Cognat citava uma frase: ‘’O estilo é o homem’’. Retrato a vida
cotidiana urbana da zona sul por que aqui tenho vivido toda a existência
observando o que se passa ao meu redor nas ruas, praias, bares... E abordo as
relações psicológicas da interação dos urbanóides. A técnica, é claro, se torna
fundamental para um pintor realista, por esse motivo, estudei os grandes
pintores clássicos por muito tempo.
5) 40º é um quadro que gosto bastante que une
tecnologia do relógio com o ambiente. Uma alegoria da figuração da paisagem dos
tempos modernos. Você vê uma construção de um novo imaginário brasileiro com o
seu foco de visão ou é apenas um ponto de vista?
O meu
ponto de vista é bastante pessoal, creio eu. Dou meu recado com competência
dentro do estilo que escolhi. Procuro executar uma obra original e, se consigo,
sem dúvida estarei construindo um novo imaginário.
6) Quais
os seus novos planos?
Estou
pintando dois quadros de grandes formatos com temática futebolística que serão
apresentados em uma galeria durante a Copa. Também vou fazer uma nova individual
em setembro e, nesse evento, um amigo vai lançar um livro sobre o mesmo tema. Aguarde
a surpresa...
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