1) Deus é pai se tornou um clássico. O tipo de humor mais rasgado e sem papas na língua, está com os dias acabados graças as restrições que parte da sociedade está fazendo ao politicamente incorreto. Estamos apenas passando uma fase reacionária ou estamos caminhando para uma nova caracterização do riso? Afinal, até na idade média, o riso, segundo Joachim Suchomski, era o que diferenciava o homem de Deus.
-
Acho que tudo é cíclico. Há momentos mais tolerantes e outros menos
tolerantes. Um dado interessante é que "A vida de Brian", filme de 1979
do Monty Phyton, jamais conseguiria dinheiro para ser feito hoje, 40
anos depois. É possível que tenha havido um retrocesso. Por outro lado
temos aí South Park e outras coisas bastante desafiadoras. O outro lado
da moeda é que tem aquele "ataque" infantil estilo Rafinha Bastos ou
Seth MacFarlane, que acho muito amador.
2) Revistas de quadrinhos e humor fazem falta nas bancas. Existe chance da F. voltar? Ou até em forma de site?
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F voltará em site e em app. Com cartuns, quadrinhos e fotonovelas. Além
da tradicional entrevista que sempre fazíamos. Quem tá tocando isso é a
Cynthia B, Chiquinha e Pablo Carranza. Na banca, sem chance. A banca
não tem espaço pra mais nada. Deve ter uns 100 títulos sobre depilação
de cu, sei lá.
3) Você está sempre lançando algum livro de cartuns. Nos EUA,
cartunistas como Bill Plympton, vivem fazendo livros, filmes autorais e
vivem dessa venda com conforto. (eu mesmo já liguei para falar com
Plympton, aliás, muito simpático). Por que esse tipo de labor não é para
todos? Por que os ilustradores sofrem tanto no seu dia-a-dia?
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Grande parte sofre porque quer, porque não vai atrás com afinco. Eu
nunca esperei nada de ninguém. Tudo - TUDO mesmo - que consegui fui eu
que propus. Em humor gráfico ou animação. Ninguém nunca bateu na minha
porta.
4) Vida de estagiário migrou dos quadrinhos para a TV. Essa
migração foi muito dolorida? Quais as dificuldades que encontrou para
tornar o personagem real?
- Eu só trabalhei no
roteiro do piloto. Acho que eu tinha certas dificuldades em adaptar para
a ficção porque era o criador do personagem, não sei. Mas no geral
gostei bastante do resultado, tem uma cara própria, nem de sitcom
americano nem de coisa mambembe nas coxas.
5) Como está o andamento do filme sobre o Peréio?
- Prefiro não falar sobre isso.
6) Quais os novos planos?
- A série em animação
"Mar de Paixão", com roteiro de André Dahmer e Arnaldo Branco. Fizemos o
piloto esse ano através de um edital da Riofilme. Pro ano que vem quero
fazer mais um livro com meu pai e comecei a rodar um doc no budget
sobre Fausto Wolff junto com meu amigo Terencio Porto, da Carambola
Filmes.
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