quinta-feira, 31 de março de 2022
quinta-feira, 24 de março de 2022
Entrevista para a Charge falada
quinta-feira, 3 de março de 2022
Movimentos do gambito do Czar
Certos movimentos no xadrez são claros na sua definição. Cravar, Pregar, Ataque descoberto e Sacrifício são algumas delas. Até o En passant que é um movimento especial, consegue-se compreender. Outras são obscuras. O próprio conceito do gambito reflete bem os movimentos de Putin nesse momento. Gambito é uma jogada feita pelas peças brancas no início da partida onde o peão da rainha é sacrificado para estrategicamente dominar territórios do tabuleiro. Nesse sentido, a Rússia está pensando como um tabuleiro de xadrez, enquanto os Estados Unidos pensam como tabuleiro de War. Querem conquistar territórios a todo custo, tentando se valer da força. Agindo, de forma temperamental e se utilizando do que pode para conseguir.
Uma palavra bastante utilizada nesse momento de conflito é
“para garantir a paz”. É um clássico das invasões. As tropas estão entrando na
Ucrânia em regiões separatistas da na região de Donbas. A expressão
“para garantir a paz”, foi muito utilizada pelos americanos como desculpa para
invadir países como Iraque, Afeganistão, Kuwait, Indonésia, só para ficar na
década de 1990, pois se virmos seus antecedentes, veremos incursões desde 1887.
Nos últimos anos, a entrada dos americanos vem coberta de coberturas da
imprensa, mostrando apenas parte da força de seu exército, deixando que a
imprensa internacional exalte sempre suas ações. Mesmo quando invade o Iraque
atrás de armas de destruição em massa, dilapidam o país e não encontram nada.
No caso da Rússia, o дыра é mais embaixo. O segundo maior
exército do mundo, com mais de seis mil ogivas nucleares, responsável pela
derrota de Napoleão e Hitler com ofensivas incansáveis e obstinadas a qualquer
custo. Não é um exército de países pequenos. São estrategistas e cada movimento
está resguardado pelas suas reservas internas. Controlam maior parte do gás na
Europa e é a segunda maior produtora de petróleo do mundo. As sanções nesse
momento impostas pelos EUA e parte da Europa, ainda não fazem efeito a Rússia.
A atual circunstancia de invasão em Donetsk e Luhansk pode
significar a entrada em toda Ucrânia?
Estamos realmente em tempos muito difíceis. A escalada de
tensão já começou com as mudanças climáticas que resultam hoje em um dos
motivos da fúria da natureza que está destruindo parte do Brasil, o crescimento
da extrema direita no Brasil e mundo, a pandemia que levou a detonação de vidas
humanas como nunca se viu e agora, uma possível guerra mundial. Os
posicionamentos estão começando a se dividir em dois lados. Temos agora a China
apoiando um diálogo, mas esperando uma brecha para o também reconhecimento de
Taiwan como independente. Com isso teremos de um lado Rússia e China e do outro,
os Estados Unidos e países Europeus em crise.
A invasão tem alguns objetivos estratégicos. Um é
desestabilizar o governo da Ucrânia e criar o caos no país. Depois o mais importante,
criar uma ponte terrestre entre Rússia e Crimeia, que seria totalmente ocupado
e todo o que faria parte desse corredor econômico conectado ao Mar Negro,
chegando até a Moldávia. A ocupação
total seria algo impensável nesse momento, assim como a derrubada do país. O
posicionamento nos últimos anos da Ucrânia com os europeus incomodou os Russos
que tem a porta de entrada de seus negócios por lá vai ser defendida com unhas
e dentes, até, se for o caso, numa entrada de uma guerra mundial, que afeta
todo planeta. Só neste momento, o petróleo já está mais caro e o posicionamento
dos países se faz necessário, pois Putin está nadando de braçadas até agora. Acredito
que a escalada de violência vai aumentar, mas não creio em uma terceira guerra
mundial. Estamos no meio dos discursos dos presidentes pelo mundo e espero que busquem
uma solução política e diplomática para a paz.
Sabemos que diante dos pontos que Putin exigiu para termos
paz, que seria abrir mão da Crimeia e de Donbas; renunciar a qualquer intenção
de se unir à OTAN e desarmar-se completamente. Só lembrando que em 1914, depois
do assassinato de Francis Ferdinand, em Sarajevo, o Império Austro-Hungaro fez
exigências à Bósnia. Aceitaram. Mesmo assim houve a guerra.