quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
E agora? Quem poderá nos defender?
E agora? Quem poderá nos defender? Com certeza não será o Chapolin Colorado. Apesar de ser um super-herói do terceiro mundo, que representa muito bem as nossas condições, nem ele poderá nos salvar do buraco atual em que estamos metido. Depois do anúncio na semana passada, do início da vacinação no mundo, agora todos os países estão correndo contra o tempo para começar a imunização. Todos menos o Brasil. Estamos atolados com um presidente negacionista, que tripudiou da pandemia, não fez nada a seu alcance para comprar os insumos ou trabalhar em um plano de proteção e ainda quer impedir os Estados de tentarem salvar sua população com iniciativas particulares. Esqueci alguma coisa?
O diplomata americano, secretário de Estado dos Estados
Unidos na época de JK, John Foster Dulles, dizia que um país não tem amigos, tem interesse. E
parece que o interesse do presidente é pela reeleição e não cuidar dos
brasileiros. Todas as ações do mandatário maior, foi desacreditar na pandemia e
tentar ao máximo barrar ações para isso. Ele hoje diz que foi o melhor
presidente do mundo contra a doença, focando na economia. Minimizou desde o
início o vírus, enquanto a proteção coube aos governadores e prefeitos, que
fizeram suas contenções particulares sem a anuência do Ministério da Saúde, que
desde o início, teve dois ministros e um período sem Ministro justamente no
auge da primeira onda da doença.
“Gripezinha”, "Tem a questão do coronavírus também que,
no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus"
ou "Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não
precisaria me preocupar”, foram algumas das primeiras frases do presidente
querendo minimizar a doença. Passava o tempo sem máscara, produzindo
aglomerações por onde passava, promovendo atos antidemocráticos, apertando a
mão de apoiadores, mesmo tendo COVID.
Diferente de muitos, tenho respeito pelo Corona. Uso máscara
até pra buscar carta na portaria, não aglomero e a mão fica até com textura
diferente de tanto álcool gel. Mas também, assim como muitos, cansado, estou cansado. Quero ficar na praia
até a hora que quiser, quero voltar aos shows, quero voltar para a cultura. Mas
falta pouco. Temos que aguentar.
Apresentaram um plano nacional de vacinação... Porém... Esse
mesmo plano nacional de vacinação tinha assinaturas falsificadas de 36
pesquisadores. O plano também não tem data de início, exclui segmentos
vulneráveis dos grupos prioritários e não cobre nem 25% da população. Isso sem
falar, que não Não tem algodão, não tem seringa e a indústria precisaria de
alguns meses para produzir essa demanda. Já não tem seringa nem para coleta de
sangue pelo SUS, o básico para qualquer exame técnico de um médico, quanto mais
comprar um freezer para estocar a vacina da Pfizer que necessita de regulagem a
-80º. Não dá para usar um isoporzinho. Isso
tudo embalado, pela divulgação em grupos de Whatsapp, por grupos de apoiadores
do presidente, soltando impropérios em relação à vacina. Resumindo: parte
de brasileiros acham mesmo que a vacina
chinesa pode alterar seu código genético e produzir câncer. Já existe um grupo enorme de pessoas
não querendo mais se vacinar. A luta parece do século passado.
Muitos continuam acreditando em promessas. Parece que não
ficaram adultos. Só bobos grandes.
Revista da ESPM
Foto
Noel
Spotify
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Esperando sentado pela vacina
O ano está terminando e aquele sentimento de abraçar o próximo começa a aflorar nas pessoas. Beto Guedes fez todo sentido: "Vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois". Vai ser muito duro passar por 2021 sozinho. Devemos cruzar os dedos para que a aposta da Inglaterra, de vacinar na próxima terça-feira, dê certo, porque se ela falhar, o mundo vai desenvolver uma crise de ansiedade que vai evoluir para uma crise de pânico.
Ontem, em conversas com amigos, já projetando quando seria
uma volta viável para futuros abraços reais, afinal somos um povo abraçante, já
calculava mentalmente nossas possibilidades a partir da vacina na Inglaterra. A
indústria precisa de 10 meses para fabricação de insumos da vacina para toda
população, logística de distribuição e acondicionamento para todas as regiões e
passar por um programa de prioridades. Lembrando que nosso presidente negacionista e contrário a vacinação, faz
todo possível para usemos a Cloroquina estocada. Afinal, já deveríamos ter um
plano nacional de vacinação pronto e ainda nem pensamos nisso.
São Paulo, que politicamente está fazendo de tudo para que
seu Estado consiga fazer um plano estadual de vacinação, independente do que
decidia o Governo Federal. Está querendo entrar na corrida mundial pela
imunização, mesmo havendo já uma classe social querendo burlar as prioridades
do programa. Sim, a diferença entre o Brasil e o Reino Unido é quem terá
prioridade na fila da vacina. Os
promotores de São Paulo solicitaram prioridade para tomar vacina, enquanto a
rainha Elizabeth (94 anos) e o príncipe Philip (99 anos) vão esperar na fila. Até
o Primeiro Ministro Boris Johnson terá que esperar sua vez. E já posso elucubrar que os promotores vão pedir para
serem imunizados, junto com seus pares, filhos, pais, avós, cachorro e papagaio.
Em Moscou, grupos de risco para a Covid-19 já começaram a
ser vacinados no sábado com a Sputnik V. Setenta centros de vacinação foram
inaugurados na capital russa para esse fim. Logo logo, veremos mais países não
ficando para trás e ao longo do ano de 2021, veremos todos trabalhando para o
fim, enquanto os brasileiros ficarão observando com uma lágrima escorrendo no
canto do olho. E isso pode piorar, afinal, qual o país que vai aceitar um país
não imunizado. Já somos párea no mundo e nos tornaremos pior. Existe um patamar
mais abaixo? E em breve, o mundo estará dividido entre vacinados e não
vacinados, tal qual a antiga divisão geográfica entre países ricos e
subdesenvolvidos.
O Reino Unido encomendou 40 milhões de doses da vacina, o que
dá conta de 20 milhões de pessoas. O curioso é que o próprio Reino Unido, país
de origem da vacina de Osford, não vai aplicá-la nos ingleses, mas vai comprar
a vacina americana do Laboratório Pfizer, a melhor do mundo.Enquanto o Brasil,
que não quer a vacinação e tenta politizar colocando entraves possíveis contra
a vacina chinesa, a melhor opção que vislumbra o general Pazuello é a vacina de
Oxford.
Parece que teremos que nos contentar, por enquanto com a água
consagrada milagrosamente das trombetas de Gedeão para cura dos enfermos. O ano
de 2021 está chegando e vemos pela frente uma Inflação crescente, desemprego em
alta, fim do auxílio emergencial, paralisia política e epidemia fora de
controle. Somos sempre “aprés lui, le” ou melhor “Face the music”.
Boa sorte para quem não nem vacina, nem insumos para vacinar,
nem governo para organizar.
Marielle Vive
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
O último tango de Maradona
Qual o tamanho do ídolo? É uma projeção individual ou coletiva? Alcançar a imortalidade na cultura popular seria a dimensão deste ídolo? O que dizer de Maradona? Um ídolo que se eternizou. Um furacão enquanto vivo, ou melhor, para os italianos do Napoli, um Etna ativo. Um dia antes da sua partida, o apresentador Fernando Vanucci tinha nos deixado. A grandeza de sua importância foi dada por homenagens na TV e na imprensa. No dia seguinte, foi a vez de Diego. E estamos falando sobre ele até agora, quase uma semana depois. E provavelmente ainda mais um tempinho, já que nem sua morte foi simples. As acusações de negligência na prestação de socorro ao ídolo estão sendo levantadas como homicídio culposo.
O Futebol perdeu Maradona. Nós perdemos Maradona. A dimensão
vai ser medida como? Como toda imprensa destacou? Como o lide “Deus está
morto”, do jornal L'Équipe, da França.
Mas talvez pela frase escrita na Argentina, onde o técnico Guardiola tinha
lembrado, estava escrita: “Não importa o que você fez na sua vida, Diego;
importa o que você fez com as nossas.” Quando aparecem homenagens anônimas
eternizadas em muros é que elas estão calcificadas nos corações das pessoas.
Duas imagens carimbam essa teoria. Uma, de dois torcedores abraçados chorando,
um do River e outro do Boca, mostrando como Maradona era gigante, maior do que
qualquer guerra. Outra, a Itália inteira de luto, mesmo sabendo que a rivalidade
entre Norte e Sul do país é histórica. Certa vez o Etna entrou em erupção,
ameaçando a Sicília e um jornal em Milão escreveu: “Forza, Etna”. No entanto,
neste momento de luto, Maradona uniu o país.
Em outro momento, Maradona falou que se fosse encarnar,
gostaria de voltar como Maradona, e que se arrependia de ter tido poucos
momentos com a família. O número de
haters também era grande. Não conseguimos separar o ídolo do ser humano. Isso
faz com que muitas mulheres se recusem a glorificar sua história, Como o caso
de Paula Dapena que se recusou a fazer um minuto de silêncio em Napoli, devido
aos casos de abusos contra elas, assim como todos os direitistas invocam o
moralismo, dizendo que sua história era manchada por causa das drogas, para
justificar seu ódio contra suas preferencias políticas, afinal, era fã confesso
de Fidel Castro. Estamos mudando o mundo, e existirá o ideal de homem e mito no
futuro. Estes homens do passado estão
desaparecendo, mas seu legado ficará. Ainda falamos de Leonardo da Vinci quase
500 anos depois e falaremos de Maradona daqui a 100 anos.
Vamos exaltar, sim, aquele que foi um gênio em campo.
Exemplo de garra e que teve o mundo em suas mãos, mesmo sucumbindo diante dele
por seus próprios vícios. Era uma pessoa dependente, um homem do século
passado, com excessos de machismo, mas também tinha o lado humanitário, que
ajudou crianças em estado de penúria, alegrou uma nação e despertou paixões.
Uma face não anula a outra. Mas é hora do luto, da homenagem ao craque e
respeito à família. Um jogador de futebol que pode tocar com o Queen, não é
qualquer um.
Maradona sempre demonstrou com muita ênfase suas alegrias e
tristezas. Chorava copiosamente com homenagens ou quando o Boca perdia. A
despedida do jogador conseguiu acabar com o maior lockdown da história, com aglomeração desenfreada. E
para encerrar, sendo o único que tem uma igreja que o reverencia no mundo,
deixo a oração Maradoniana para dias melhores:
"Eu acredito em Diego
Futebolista Todo Poderoso,
Criador de magia e paixão.
Eu acredito em penugem, nosso D10s, nosso Senhor.
Que foi concebido por obra e graça de Tota e Don Diego.
Nascido em Villa Fiorito.
Ele sofreu sob o poder de Havelange.
Foi crucificado, morto e mal tratado.
Suspenso das quadras.
Cortaram-lhe as pernas.
Mas ele voltou e ressuscitou seu feitiço.
Estará dentro de nossos corações.
para sempre e na eternidade.
Eu acredito em espírito de futebol.
A Santa Igreja Maradoniana,
O golo para os ingleses,
A canhota mágica,
A eterna gambetta diablada,
E em um Diego eterno.
Diego."
Não seja uma cabeça de garrafa térmica e não deixe a
tartaruga escapar. Se fosse eu, mudaria o nome do Argentinos Juniors
para Maradona Futebol Clube.
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