Não tem consolo para Bolsonaro. Ele é um prisioneiro dos
ideais Neoliberais. Sua fórmula da extrema-direita acentua mais desigualdades e
expõe um país mais violento. Se parece muito com aquela receita da bebida
chamada Vinho de Cobra. Esse vinho é encontrado na Ásia, é feito da infusão de
cobras inteiras em vinho de arroz. Acreditam que tem propriedades medicinais
que cura quase tudo, desde perda de cabelo a virilidade sexual. Porém, vende-se
algo importante, que deve ingerir tapando o nariz. No final, ela te faz mais
mal do que bem. Uma boa imagem do que aconteceu até agora neste governo. Fakenews
prometendo acabar com os problemas e o que vemos é uma prática voltada a atuar
produzindo problemas o tempo inteiro.
A américa latina foi varrida, assim como alguns países pelo
oriente e Europa, fazendo avançar o fascismo, mostrando um novo
conservadorismo, que na prática era o velho conservadorismo com uma cara mais
esperta. Os americanos patrocinaram toda a mudança em seu quintal, para os suspiros
do velho capitalismo. A fórmula que deu certo nas primaveras árabes, foram
implantadas por aqui, financiando grupos de direita do país. Toda a usurpação
precisou de uma sustentação jurídica para parecer legal, mas as máscaras ao
longo do caminho foram caindo, afinal, golpe não se sustenta por muito tempo,
ainda mais com a agenda neoliberal internacional.
A nova versão do capitalismo de laissez faire, pressupõe
uma política de direito que tende a agravar a crise da legitimidade do Estado e
então transformando serviços público em degradação na visão do público em
geral, ataca-se de vez, com a venda dessas unidades, dando lucro apenas aqueles
que compraram. Desde 2008, se tem uma fórmula para dar esse golpe pelo mundo,
como diz Perry Anderson, no livro “Balanço do neoliberalismo”, destacando um
“manual de uso” político da crise, de modo a contornar as resistências
políticas e morais. Segundo o documento: “As grandes crises não são
confortáveis para os responsáveis políticos, mas elas podem favorecer as mudanças.
Estudos da ocde indicam que um gap de produção (a diferença entre produção
efetiva e potencial) de 4% aumenta em quase um terço a probabilidade de uma
grande reforma estrutural. Foi uma crise marcada por recessão, por uma espiral
descendente de salários e por déficits consideráveis que precipitou as mudanças
nos Países Baixos nos anos 1980 e no Canadá e na Finlândia no início dos anos
1990, quando as finanças públicas estavam em um impasse. A morosidade da
economia também impôs reformas ao Japão. O caso da Europa é instrutivo. Os
países que tocaram reformas profundas e difíceis, como a Dinamarca, a Irlanda,
os Países Baixos e o Reino Unido, mostram a importância das crises para
suscitar apoio às reformas e fazê-las avançar. “
Trocamos o antigo capitalista que bebe gim com o dedinho
levantado para aquele que não levanta o dedinho. As agendas mundiais preveem a
reforma da previdência, para que os bancos e empresas possam ter outra fonte de
lucro e o povo sem perspectiva a curto prazo de poder sobreviver com dignidade
no fim da vida, reforma trabalhista para garantir apenas que o patrão tenha
seus direitos enquanto trabalhadores definham sem perspectivas e sem garantias,
vender tudo para os americanos a preço muito baixo. Essas são as bandeiras a
primeira vista. A crise de popularidade se apresenta como ocasião para
radicalizar o neoliberalismo, sempre em nome de respostas emergenciais à crise
econômica. Por isso, a despeito de 95% considerarem que o governo está no rumo
errado, as reformas seguem adiante.
O resultado dessa agenda é a Argentina com Alberto Fernández
eleito presidente. No Uruguai, Daniel Martínez e Lacalle Pou vão para o segundo
turno. Na Colômbia a Primeira mulher e LGBT eleita prefeita de Bogotá e na
Bolívia, Evo Morales Reeleito. Os levantes continuam em outros países e a
despeito da força do Chile, não tardará a chegar no Brasil também.
Enquanto isso, levanto um brinde de cerveja as mudanças de
ares.